-Toma, escuta essa banda que descobri- Ela disse estendendo a mão com um lado dos seus fiéis fones. Fazia quase um ano desde o termino do namoro que durou apenas alguns meses.
A música que saiu do fone era péssima. Um rock mesclado a elementos eletrônicos e um rapper no vocal.
A música que saiu do fone era péssima. Um rock mesclado a elementos eletrônicos e um rapper no vocal.
Ela esta mais uma vez falando sobre ela mesma. Tudo o que importava era a nova cor do seu cabelo, o novo namorado que a fazia feliz e mesmo assim se sentia triste. Todas aquelas palavras ao som daquela música péssima.
Eu olhava as árvores e desejava profundamente ouvir a melodia do vento naquelas folhas lá do alto. Eu via aquela boca se mexer sem parar mas ela falava em um idioma que não era o meu. Eu tentando decodificar alguma sentido naquelas palavras. E aquela música que estava acabando com as minhas capacidades mentais. Era demais para mim.
-Você está ouvindo o que estou falando?- Ela perguntou- Estou um pouco triste esses dias. Não sei o motivo, talvez seja...
Voltei ao meu estado letárgico de um estrangeiro que observa uma conversa em outra língua. Gostaria de poder ver o meu rosto essa hora, com certeza eu acharia no mínimo engraçado.
Todo aquele parque estava desaparecendo aos poucos, dando lugar para as imagens que iam passando em minha mente com a mesma velocidade do jorro de sangue quando eu cortava os meus pulsos. Rápidas demais.
Aquele primeiro beijo sob as estrelas. As vezes que fizemos amor. Tudo correndo rapidamente como quando apertamos o botão fwd no controle da tv. Dançavamos no meio da rua, dizendo palavras ternas, piadas que só nós dois entendíamos. Tudo em você é perfeito eu lembro de ter dito com a inocência de quem ainda pode contar o numero de experiências amorosas nos dedos das mãos. Rápido demais, eu estava perdendo o controle das imagens.
-Você não esta prestando atenção, esta?- Fui puxado do meu filme para a realidade por aquela voz. Virei o rosto e olhei para ela. Aquela parecia uma completa desconhecida. Eu estava tentando voltar ao meu cinema mudo de imagens em sequencia.
-Meu Deus, você esta ficando pior com o tempo. Não consegue prestar atenção em mais nada- Ela sorria em claro sinal de brincadeira. Eu não estava para brincadeiras aquele dia.
-Não, isso só acontece quando estou com você- Escutei minha própria voz como se não fosse a minha, falando coisas que estavam no fundo da minha memória-falha. Falei sobre todas as desventuras daquele relacionamento falído. Não sei por quanto tempo fiquei ali falando e falando mas finalmente estava vazio.
-Mas... Meu curso só comela daqui à alguns minutos. Pode tentar me fazer companhia até lá?
-Nós não temos mais nada em comum. Eu quero ir para casa agora- Eu estava sendo rudo, essa era minha vingança silenciosa por todos aqueles meses.
-Então você pode ir embora- Como era fácil magoa-la. E eu não sentia muito por isso.
Levantei. Sentia meu corpo limpo, como se o peso da mochila em minhas costas estivesse diminuído consideravelmente. Andei alguns passos com aquela liberdade recém-nascida quando lembrei que tinha esquecido de falar uma última coisa. Encontrei aquele rosto mais uma vez, ela permanecia sentada com seu olhar taciturno fixado no nada. Talvez pensando sobre as minhas palavras.
-Ah, eu esqueci de dizer uma última coisa. Essa banda que você esta ouvindo é um lixo e com certeza você sentirá vergonha dela no futura assim como sente por aquelas que escutava no passado.
''Voltei ao meu estado letárgico de um estrangeiro que observa uma conversa em outra língua. Gostaria de poder ver o meu rosto essa hora, com certeza eu acharia no mínimo engraçado.'' Ha Pedro, eu ri mto nessa parte pq eu faço isso (isso é pessímo de minha parte hauhaua). Gostei do texto...mas fiquei com pena da garota.
ResponderExcluirBjo
Preciso confessar que li o texto (desde as primeiras linhas até o último ponto final) boquiaberta. É um texto ótimo, maravilhoso, acredito que foi escrito sob muita emoção, como a raiva. De todo modo, PARABÉNS! *-*
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