1.10.10

A amante silenciosa

A Girl in White in the Woods. Vincent van Gogh, 1882
Eu quero escrever sobre solidão. Essas foram as palavras que invadiram minha mente logo ao abrir os olhos pela manhã.
Talvez seja minha habitual estranheza pois nevascas, tempestades tropicais e trovões sempre tiveram uma certa beleza aos meus olhos. Assim como a solidão.
Eu sei que parecerei um idiota ao escrever essas palavras a seguir.
Mas hoje a palavra solidão me fez lembrar a palavra sólido, logo penso que solidão seria um estado demasiadamente sólido. Sólido e duradouro.
Ventura, desventura, cólera assim como todo o resto é efêmero. Você os sente e um segundo, um momento mais tarde desaparecem. Deixando somente a solidão.
A amante que não pede nada em troca. Não exige filhos ou fidelidade. A meretriz que nos ama quando nem um outro ama. A que é deixada por qualquer outra. A que permanece mesmo assim. A amante silenciosa.
Essa é a imagem que tenho da querida solidão. Uma moça vestida de branco em meio árvores silenciosas. Com olhar taciturno e terno, o rosto envolto por cabelos negros, tão negros quanto o rio negro que corre como um espelho vivo na noite quente de qualquer dia.
Ame a solidão meu caro- uma voz sussurra ao meu ouvido- Pois ela estará ao seu lado quando Hades o deus traído, der de beber da água do Lete a todos os seus amantes.

Um comentário:

  1. Imaginei direitinho a solidão descrita por você. Esta faca que corta a garganta de todo mundo, nem que seja só por uma noite.
    Um beijo, meu querido Pedro.

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