O último

Sempre tive medo de guerras e nunca as entendi muito bem. No dia em que meu pai falou que eu iria, primeiramente senti medo da morte, logo após grandes icógnitas abriram-se em minha mente. O que é a guerra? O que motiva um ser humano a matar?
Um dia antes de partir, questionei ao meu pai que sempre pareceu o membro mais sábio de toda a família. Ele respondeu que as guerras são mais um dos obstáculos que temos que vencer e o que motiva o ser humano a lutar até o fim são as possibilidades de defender o seu povo do inimigo.
Quando cheguei ao campo de batalha, meu ciração chorava com a certeza de nunca mais ver o sorriso da minha mãe e dos meus irmãos. Todos agiam com animosidade, valentes, quase heróicos.
Eu fui covarde. Fiquei parado no campo de batalha como uma criança que não avista seus pais. Fechei meus olhos. Confesso, senti vontade de chorar.
Quando abri os olhos, eu estava quase sozinho naquele ambiente que cheirava a morte e coragem. Defender o meu povo do inimigo? Qual inimigo meu pai? Eu perguntaria se meu velho sonhor estivesse aqui. Porque todos parecem iguais agora. Meus velhos amigos, meus inimigos, meu povo. Todos formam apenas pilhas de homens e o sangue que sai dos seus corpos mortos mostra que no fundo somos todos iguais. Mostra que fazemos todos parte de uma unica coisa, mostra que matar o seu inimigo é como matar a si mesmo. Um dia eu procurei no dicionario o significado da palavra "Lei" e lá estava escrito "Regra necessária ou obrigatória", nós homens criamos muitas com a simples ideia de melhorar a vida, mas ao olhar para esses rostos no chão, percebo que todos deveríamos defender a única verdadeira lei.
-Amem!!!- Eu grito para os poucos homens que restaram.
Nesse momento a última bala que por destino era reservada à mim atravessa o meu peito. A morte ao contrario do que muitos pensam é boa, parece o sono quando estamos muito cansados. Mesmo tentando lutar você sabe que no fim ela vencerá. Mas mesmo nesse momento eu ainda me questiono qual o sentido da guerra?