17.12.10

O chafariz e as tardes quentes de Manaus

Nós nos encontramos no mesmo lugar de sempre. Aquelas antigas árvores e aquele mesmo chafariz que refresca as tardes quentes de Manaus a nossa frente. Ficamos meio desajeitados ao dar um beijo na bochecha um do outro, sentamos. Tudo da mesma forma habitual de algum tempo atrás. Ela fala sobre alguma coisa enquanto procuro alguma lembrança naquele rosto. Eu não a amo mais, mas gosto tanto das nossas conversas, simplesmente da energia que ela emana. Olhar esse chafariz me faz lembrar quando em uma tarde parecida com essa de agora, dançamos, sem vergonha de qualquer um que estivesse olhando. Vamos dançar? Eu peço meio sem jeito, já tinha esquecido aquele sorriso que aceita tudo. Não somos melhores dançarinos que antes, não, mas dançamos ao som do silêncio e risadas como ninguém consegue. Esse vento estranho para Manaus derrama algumas gotículas da agua do chafariz no rosto e cabelo dela. Ela ainda é tão linda que sinto vontade de beijá-la. Nos olhamos nos olhos. Eu amo você é a frase que sai da sua boca e que me pega de surpresa. Um dia eu prometi amor eterno aquela que agora reflete nos olhos os meus. Eu me lembro do dia em que nos beijamos e olhamos as estrelas, das vezes que na chuva corremos iguais loucos, das tardes verdes que passamos e das conversas sobre o medo de ficar velho. É tão bom lembrar disso. Eu também amo você, esse meu amor por você é eterno, mesmo que mutável. Rimos e continuamos a nossa dança sem ritmo e sem música.

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